Arsenal Women: Temporada de fogo pela frente para a equipe de Londres

Após uma temporada de 2023/2024 desastrosa, o clube entra em um ano de provações.

Matheus
8 min readSep 2, 2024
📸 ArsenalWFC via Instagram

Como forma de se preparar para a temporada 2024/2025, que começa oficialmente no dia 4 de setembro, a equipe feminina do Arsenal fez uma pequena série de amistosos durante a pré-temporada. Primeiro, um período nos Estados Unidos, onde fez dois jogos e saiu com uma vitória contra o Washington Spirit por 2x1, contando com dois gols de Alessia Russo, e uma derrota por 1x0 para as maiores rivais, a equipe do Chelsea, no que foi o primeiro Derby da temporada. Já de volta a terras inglesas, o último amistoso foi contra as meninas do Southampton, que terminou com o placar de 3x0 para as Gunners, sendo um gol da meia australiana Kyra Cooney-Cross e dois da zagueira espanhola Laia Codina.

📸 ArsenalWFC via Instagram

Início de temporada complicado a vista

Com a pré-temporada encerrada, a equipe agora concentra toda a sua atenção no início das competições oficiais. Devido aos resultados decepcionantes dos últimos anos, o clube chega para 2024/2025 já debaixo de muito desconfiança e sob forte pressão, tendo que se provar desde o primeiro jogo.

Sem ser campeão da UEFA Women’s Champions League desde 2006/2007, que inclusive foi o único título Europeu do clube, do campeonato inglês desde a temporada de 2018/2019, e ainda tendo que ver suas maiores rivais levantarem a taça por 5 anos consecutivos, e chegando a uma final e três semis de Champions, o Arsenal sonha com um desfecho diferente nesse ano que se inicia, para que possa assim voltar aos trilhos e a ser a maior potência da Inglaterra.

Eliminadas nos playoffs da Champions ainda antes da fase de grupos, com uma mísera terceira colocação na Women’s Super League (o campeonato inglês feminino) e tendo que se contentar apenas com o título da Conti Cup, a copa da liga inglesa, a temporada de 2023/2024 do Arsenal foi vista por todos como um fracasso. Os resultados aquém do que se era programado e esperado, colocaram de novo a equipe do norte de Londres em uma situação complicada: Mais uma vez teve que mudar o seu planejamento e antecipar a sua preparação, já que as fases preliminares da Liga das Campeãs começam cerca de duas semanas antes do campeonato nacional. A equipe estréia na pré-Champions enfrentando o Rangers, no dia 04 de setembro, e se vencer, enfrentará o vencedor do duelo entre Atlético de Madrid x Rosenborg, buscando um lugar na segunda fase preliminar para aí sim brigar por uma vaga na fase de grupos. Já pelo campeonato inglês, a equipe londrina irá estrear em casa, no Emirates Stadium, enfrentando as atuais vice campeãs, o Manchester City no dia 22. Um início de temporada pressionado, que exigirá muito do time e que mostrará a todos o que se pode esperar para a sequência do ano.

No último confronto entre as equipes, na casa do City, Stina Blackstenius foi a heróina para as Gunners marcando duas vezes nos minutos finais.

Temporada de fogo para a comissão técnica

No comando da equipe desde o final da temporada de 2020/2021, Jonas Eidevall nunca esteve tão pressionado no cargo quanto agora. O sueco, que substituiu Joe Montemurro em 2021, vai para a sua quarta temporada como técnico das Gunners, e apesar de não ter conseguido os resultados esperados, sempre teve o respaldo da diretoria, que em momento algum cogitou a troca do comandante.

Desde que assumiu, Eidevall não conseguiu resultados brilhantes e mais decepcionou do que deu esperanças aos torcedores do Arsenal. Em suas três temporadas completas comandado a equipe, foi o primeiro treinador a perder um North London Derby para o Tottenham, caiu na fase preliminar da UEFA Women’s Champions League para o Paris, foi duas vezes terceiro colocado no campeonato inglês, uma em 2022/2023 e outra 2023/2024, e uma vez vice, em 2021/2022, temporada que ficou marcada por uma derrota por 2x0 para o rebaixado Birmingham, em jogo que de certa forma foi responsável por tirar o título da equipe, que viria a terminar 1 ponto atrás do Chelsea ao final do campeonato. Como ponto positivo, levou o time a uma semi final da UEFA Women’s Champions League, em 2022/2023, quando caiu em casa para o Wolfsburg na prorrogação. Mas seus melhores resultados foram mesmo as duas taças da Copa da Liga Inglesa, a Conti Cup, onde bateu o maior rival Chelsea nas duas finais, em 2022/2023 e 2023/2024. Apesar dos troféus, o torneio não possuí grande relevância, e conquistá-lo duas vezes não foi o suficiente para garantir que a comissão técnica mantivesse paz na sequência do trabalho para a nova temporada que se inicia.

Tendo que entregar resultados que até agora não conseguiu, o sueco e sua comissão se veem pressionados pela primeira vez, e vão depender de números positivos para conseguirem dar sequência ao trabalho. Mais uma eliminação precoce na Liga das Campeãs ou outro resultado decepcionante na Women’s Super League, podem significar o adeus de Jonas Eidevall ao comando da equipe do norte Londres.

Pela primeira vez desde que chegou, Jonas Eidevall se encontra pressionado no cargo e vai precisar mais do que nunca de resultados

Mercado decepcionante

Tendo perdido quatro atletas em definitivo, dentre elas Vivianne Miedema, grande artilheira da equipe e maior artilheira da história da WSL, o Arsenal contratou apenas três reforços para a nova temporada: A goleira holandesa Daphne Van Domselaar, ex Aston Villa, a meio campista sueca Rosa Kafaji, ex Hacken, e a meia atacante espanhola, Mariona Caldentey, que chega do Barcelona. Já em relação as saídas, além de Miedema, também deixaram o clube de forma definitiva a goleira canadense Sabrina D’angelo, que fez o caminho inverso de Van Domselaar e foi para o Aston Villa, e as atacantes Cloé Lacasse que foi para o Utah Royals dos Estados Unidos, e Gio Queiroz que foi para o Atlético de Madrid, potencial adversário do Arsenal na Liga das Campeãs. Já por empréstimo, a zagueira Teyah Goldie, formada pelo clube, vai defender o London City Lionesses por um ano.

Depois de sofrer com inúmeras lesões durante a temporada 2022/2023 e não ter feito uma janela de transferências convincente em 2023/2024, a expectativa era de que para 2024/2025 o clube fosse de fato ao mercado atrás de reforços que mudassem o patamar da equipe, no entanto, com as contratações feitas, lacunas parecem terem ficado abertas no elenco.

Mariona Cladentey, Daphne Van Domselaar e Rosa Kafaji: Os 3 reforços do Arsenal para a temporada

Aposta na Base

Com as lacunas que parecem não ter sido preenchidas com a ida ao mercado de transferências, o Arsenal parece ter a solução no quintal de casa, literalmente. Durante a pré-temporada e a preparação para o ano que vem pela frente, o clube pôde olhar com bons olhos para as garotas oriundas da base como oportunidades de preencherem as posições que não tiveram reposição. No total, 8 jovens acompanharam o elenco durante esse período: A goleira Naomi Williams, a zagueira Katie Reid, as meias Laila Harbert, Maddy Earl, Freya Godfrey e Omotara Junaid, e as atacantes Vivienne Lia e Michelle Agyemang. Além das atletas formadas em casa, o Arsenal também teve o retorno da meia dinamarquesa de 21 anos, Kathrine Kuhl, que foi ao lado da defensora Reid destaque entre as mais novas.

Tendo em vista que a defesa e a volância da equipe parecem ser as posições mais carentes, principalmente após a lesão da meio campista Victoria Pelova e a gravidez da zagueira Amanda Ilestedt, Kuhl e Reid são as que mais podem sonhar em continuar com o elenco para o decorrer da temporada, enquanto as outras provavelmente ganharam mais um empréstimo, como forma de continuarem tendo minutos e se desenvolvendo.

Jovens ganharam minutos durante a pré-temporada e podem ser solução caseira para os problemas do Arsenal

Expectativas para um ano melhor

Vindo de decepções e fracassos recentes, o clube sonha em voltar aos trilhos e contará com um fator a mais para isso: O Emirates Stadium será a casa principal do Arsenal Women na temporada de 2024/2025. Com a ideia de realizar pelo menos 11 jogos no estádio principal da equipe, com 3 pela Liga das Campeãs (isso em caso de avanço para a fase de grupos) e mais 8 pela Women’s Super League, sendo o primeiro já na estreia, no dia 20 de setembro, contra o Manchester City, a equipe londrina contará com o apoio de sua torcida, que após a Eurocopa de 2022 vem batendo recordes de público entre os clube ingleses, e lotando seja o Emirates, o Meadow Park (estádio onde a equipe feminina manda seus jogos) ou até mesmo as casas adversárias quando é visitante. Além da força do estádio lotado, durante a primeira fase preliminar da Champions, a equipe jogará no estádio que chama de casa: O Meadow Park. O grupo 3, que conta com os duelos entre Arsenal x Rangers e Atlético de Madrid x Rosenborg, será concentrado na Inglaterra, dando essa “força extra” para a equipe do Norte Londres na busca pela classificação para a segunda fase.

Com objetivos claros, de primeiro se classificar na UEFA Women’s Champions League e fazer uma boa competição, e depois de conseguir bater o maior rival e voltar ao topo da Inglaterra, as Gunners terão mais uma vez que mostrar a força e a união do grupo, que apesar das recentes decepções, também conseguiu vitórias brilhantes e marcantes, mostrando a todos o peso que tem a camisa do Arsenal e o tamanho do clube.

O Emirates vem sendo palco de grandes jogos e públicos, sendo uma força extra ao Arsenal, algo que nessa temporada será ainda maior.

Ficha técnica

Elenco:

Goleiras: Naomi Williams, Daphne Van Domselaar e Manuela Zinsberger

Laterais: Emily Fox, Steph Catley, Katie McCabe, Laura Wienroither

Defensoras: Lotte Wubben-Moy, Laia Codina, Leah Williamson, Katie Reid, Amanda Ilestedt

Meias: Kim Little, Lia Walti, Frida Maanum, Kyra Cooney-Cross, Rosa Kafaji, Kathrine Kuhl, Laila Harbert, Freya Godfrey, Maddy Earl, Victoria Pelova

Atacantes: Beth Mead, Alessia Russo, Stina Blackstenius, Mariona Cladentey, Lina Hurtig, Caitlin Foord, Vivienne Lia, Michelle Agyemang

Transmissão

WSL, o campeonato inglês: ESPN e Star+ com jogos exclusivos e canal oficial da Barclays Women’s Super League no YouTube

UEFA Women’s Champions League: Fases preliminares costumam ter transmissão nos sites e apps dos próprios clubes ou canais no YouTube. A partir da fase de grupos, os jogos podem ser acompanhados pela DAZN e pelo grupo da TNT Sports/HBO Max, que adiquiriu os direitos de transmissão do torneio.

--

--

Matheus

Estudante de jornalismo e apaixonado por esporte!